sábado, 25 de fevereiro de 2012

Críticas - E. Arruda

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"Gosto de críticas, através delas posso conscientizar aqueles que as fazem, convencê-los a se melhorarem"
Elanklever

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Caça ao Carcará



Uma história verídica "agora contada em versos" resgatada de minha infância, quando meu pai foi trabalhar em uma fazenda por um período de 2 anos, eu na época estava com 8 anos de idade.
Em Avaré - SP

Caça ao Carcará

Um belo dia, meu pai.
Determinado diz:
- Esse Carcará, caro vai pagar.

Encartucha a 32.
Eu - sempre colado a ele - a mim,
Olha e ordena: - Fique aí.

Dissimulando intenção,
Disfarçando sai.
Enviesando o olhar, segue.

Já um tanto distante,
Negaceando a ave,
Muda até a direção.

Lá no topo da árvore
O bicho garboso fazendo cesta,
Despreocupado a descansar.

Eu, de longe,
Observando, na torcida:
- Meu pai herói vai ganhar!

Ele, junto ao corpo,
Arma, em riste, a carregar,
Sei que pensava:

- Esta ave esperta,
Até o trabuco conhece,
Se ela desconfiar, meu intento vai falhar.

Caminhando
Firme e determinado,
Busca o melhor lugar.

Tenso, ao longe,
Eu a observar:
Um olho na caça outro no caçador.

Como que às vésperas
De um grande espetáculo,
Anseio o momento chegar.

Para mim, emocionante diversão.
Para ele – meu pai - feroz embate;
Para ela – a ave - jamais o empate.

Quando, de repente, a certa distância,
Para compenetrado.
O coqueiro lhe serve de cobertura.

Arma mirando o alvo aponta,
Na direção da ave sagaz.
Eu represando o ar – espero.

Ensurdecedor estampido ecoa!
A fera estilosa o galho deixa.
Do seu trono despenca!

- Fique aí!
Da ordem dada esqueci.
Saio a toda, desesperado.

Meu pai venceu!
O Golias alado caiu!
Quero comemorar, e do troféu me apossar.

Sem saber que a história estava por começar.
O bicho valente, não morre.
Só não consegue mais voar.

E agora eu lá correndo – com meus oito anos
Querendo a garrenta fera pegar.
O astuto bicho seu couro salvar.

Eta eu! Quanta coragem!
O bicho correndo e pulando
Eu lá, ziguezagueando, parecendo costurar.

Quando chega meu pai,
Esbaforido e sem fôlego
Entrega-me um porrete a dizer:

- Agora sim, desce o cacete;
Franguinha gorda degustou!
No meu terreiro festejou. Desce o pau!

Um dia da caça outro do caçador.
A partir daquele dia
Do bicho insolente se livrou.

Da primeira ordem dada se esqueceu.
Eu também nunca me lembrei,
Para compor o texto, agora recordei.




Texto:
Elvio Antunes de Arruda
Revisão
Inajá Martins de Almeida
13.02.3012